Quando se tem de trabalhar durante toda a noite, há quem faça da pausa um momento para relaxar, jogar no telemóvel ou até mesmo passar pelas brasas.
Como eu não gosto de A) dormir no hospital e B) se dormir só duas horas acordo em modo zombi, a mim dá-me para que? Para escrever. Ora isto foi o que saiu no turno de ontem à noite:
“Até lá”
Quero-te a todas as horas
e não te posso ter.
Quero poder agarrar-te, acariciar-te,
mas não és inteiramente meu.
Anseio pelo dia
em que perceberás que somos
um todo.
Eu sei que sou incompleta sem ti,
poderás tu ser completo sem mim?
Continuas preso a um passado
que findou, cego
não enxergas o presente;
o futuro vê-lo distorcido
enquanto eu, nitidamente
te vejo, perdido.
Quero ser tu e tu meu.
Anseio pelo momento em que entenderás, por fim,
que me queres só para ti.
Até lá, aguardo, com uma esperança
secreta.
Tenho fé que um dia vejas
o que s+o tu ainda não vês.
Até lá espero, sonho,
iludo-me com migalhas de imaginação.
Inspiro e enfrento mais um dia, com o coração na mão.
Sei que cada dia estou mais perto.
Até lá,
amo-te, em segredo.
Podia dar-me para pior…